quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Atuação da Fisioterapia no Câncer de Mama

        A fisioterapia é capaz de tratar, prevenir, restaurar e manter a capacidade física de uma pessoa. Na área da oncologia, que está entre as diversas áreas que a fisioterapia abrange, ela tem uma atuação bastante importante na recuperação do paciente. Nesta postagem, irei falar especificamente da atuação da fisioterapia no câncer de mama.







         O câncer de mama é originado por uma multiplicação exagerada e desordenada de células, que formam um tumor. O tumor é chamado de maligno quando suas células tem a capacidade de originar metástases, ou seja, invadir outras células sadias à sua volta. Se estas células chamadas malignas caírem na circulação sangüínea, podem chegar a outras partes do corpo, invadindo outras células sadias e originando novos tumores.Já os tumores chamados benignos não possuem essa capacidade. Eles possuem um crescimento mais lento, não ultrapassando um certo tamanho, além de não se espalharem por outros órgãos. Inclusive, a maioria dos nódulos que aparecem nessa região são tumores benignos, como os cistos e os fibroadenomas, por exemplo. Os cistos são nódulos dolorosos e aumentam antes da menstruação. Os fibroadenomas não se transformam em câncer, e, se necessário, podem ser facilmente retirados através de uma pequena cirurgia, geralmente feita com anestesia local. Os tumores benignos não se transformam em câncer. A grande preocupação, portanto, é com os tumores malignos, que crescem rapidamente e sem dor.




        Acomete mulheres entre quarenta e cinqüenta anos, o que não impede que ocorra em mulheres mais novas. Esta patologia é considerada de auto – agressão profundamente relacionada com predisposição genética, idade avançada, menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade, contraceptivos, ingestão de álcool, dieta (obesidade), exposição a substâncias químicas comprovadamente cancerígenas, vírus, altos níveis de estrógeno e prolactina, lesões e traumas nas glândulas e exposição a radiações. 
        O melhor meio para se diagnosticar o câncer de mama é a mamografia, que é capaz de detectar o tumor antes mesmo que ele se torne palpável. Quando o diagnóstico é feito dessa forma, ainda no início da formação do tumor, as chances de cura se tornam muito maiores, descartando a necessidade de retirada da mama para o tratamento. A título preventivo, esse exame deve ser feito anualmente a partir dos 50 anos, ou, se houver casos na família, desde os 40 anos de idade.





        O auto-exame também é recomendável e é um método de diagnóstico onde a própria mulher faz um exame visual e de palpação na mama em frente a um espelho. Este exame deve ser feito aproximadamente sete dias após cada menstruação ou, se a mulher não menstrua mais, pelo menos uma vez por mês em qualquer época. Qualquer suspeita deverá ser verificada! 





          A cirurgia para o tratamento do câncer de mama pode ser conservadora ou radical. Será conservadora quando retira apenas uma parte da mama (quadrantectomia), e será radical quando retira toda a mama. O tipo de cirurgia varia de caso para caso. No caso da retirada parcial, a cirurgia deverá ser complementada pela radioterapia. A radioterapia é um tratamento à base de aplicação de radiação direcionada ao tumor ou ao local deste e tem por objetivo, se antes da operação, reduzir o tamanho do tumor, e se após, evitar a volta da doença. Outro tratamento utilizado nos casos de câncer é a quimioterapia. A quimioterapia é o uso de medicamentos extremamente potentes no tratamento do câncer. Também é usado para completar a cirurgia, podendo começar antes ou após a operação. Ao contrário da cirurgia e da radioterapia que têm efeito local, a quimioterapia age em todo o corpo, visando evitar a volta do tumor e o aparecimento em outros órgãos.  
         Há alguns anos, a grande preocupação da equipe médica em relação ao câncer era a sobrevivência dos pacientes. Atualmente, o foco do tratamento mudou, ou seja, a preocupação passou a ser também a qualidade de vida que o paciente vai ter durante e após o tratamento oncológico. A Fisioterapia Oncológica é um dos procedimentos que estão sendo adotados nesse sentido, tanto no pré, no pós de uma cirurgia de câncer como também durante todo o tratamento. Esse recurso pode ser utilizado em todos os casos, como nos de câncer de mama, tumores de cabeça e pescoço, além dos relacionado ao sistema músculo-esquelético. A Fisioterapia pode ser fundamental no tratamento do paciente com diagnóstico de câncer ao oferecer acompanhamento às diversas alterações que podem ocorrer, mesmo diante de muitos comprometimentos que se apresentam, como: edema de membros, alterações musculares, constipação, alterações neurológicas, alterações respiratórias, dores musculares por disfunções posturais, dores teciduais e cicatriciais e dores tendinosas e articulares, alterações ósseas, alterações circulatórias (flebites, linfangites, alterações linfáticas), alterações vasculares em membro superior após aplicação da quimioterapia. O tratamento fisioterapêutico também é importante durante as fases de quimioterapia e radioterapia. Neste caso a atenção está para o processo de sensibilidade do Sistema Imunológico. No caso do câncer de mama, o grande problema é o esvaziamento ganglionar, ou seja, a retirada dos gânglios linfáticos existentes na axila. Isso dificulta na movimentação do braço, principalmente nos movimentos de abertura lateral. O tratamento auxilia na recuperação e na prevenção dos distúrbios linfáticos. A Fisioterapia não se preocupa apenas com o local afetado pelo câncer, mas com a repercussão do problema em todo o organismo da pessoa, visualizando o paciente como um todo. A principal meta da fisioterapia oncológica é mostrar ao paciente a necessidade de retomar as atividades diárias e oferecer a ele condições para isso.
         O foco é a prevenção e o tratamento de complicações, como a dor, o inchaço do membro superior e do tórax, as disfunções musculares e articulares, o cansaço, as alterações respiratórias e o linfedema, visando a funcionalidade e qualidade de vida da mulher. Além disso, visa mostrar à mulher que é possível a retomada das atividades do cotidiano e da qualidade de vida.  
        A atuação do fisioterapeuta deve ser iniciada no pré-operatório, objetivando conhecer as alterações pré-existentes e identificar os possíveis fatores de risco para as complicações pós-operatórias, e quando necessário, deve ser instituído tratamento fisioterapêutico nesta etapa, visando minimizar e prevenir as possíveis seqüelas. No pós-operatório imediato, objetiva-se identificar alterações neurológicas ocorridas durante o ato operatório, presença de sintomatologias álgicas, edema linfático precoce, e alterações na dinâmica respiratória.
         Ao ser diagnosticada a doença, a mulher já desencadeia uma grande tensão reflexa na região cervical e ombros. Portanto, a avaliação pré-operatória é fundamental, pois estará ofertando ao terapeuta parâmetros para o acompanhamento no pós-operatório, além de conscientizar a paciente sobre a importância dos procedimentos fisioterapêuticos. Nesta etapa, o fisioterapeuta faz uma anamnese e busca toda a história clínica do paciente, para que possa ter uma maior compreensão do quadro clínico. Em seguida, realiza o exame físico através da avaliação da função pulmonar, avaliação funcional dos ombros e da cintura escapular e, respectivas amplitudes de movimentos e força muscular, como também mensura a perimetria e observa se existe alguma deformidade postural. 
         O sistema linfático é o responsável por drenar o fluído dos tecidos que não volta aos vasos sanguíneos. Como alguns dos vasos são perdidos com a cirurgia de retirada da mama, a paciente pode ter inchaço no braço, pela retenção dos líquidos. Através de massagens aplicadas para drenagem linfática, os fisioterapeutas tentam recuperar a circulação da linfa através de outros linfonodos.  







           Muitas pacientes têm problemas no ombro, não só inchaço (linfedema), mas também ombro congelado, que é a limitação nos movimentos do braço. A diminuição da amplitude de movimento muitas vezes se dá pelo medo da paciente em executar certas tarefas e prejudicar a cirurgia. Por isso a fisioterapia trabalha com bastões, alongamentos, e exercícios de re-expansão pulmonar. 
        Alguns estudos discutem a associação entre a realização dos exercícios com as possíveis complicações do pós-operatório; entretanto na literatura há descrições sucintas e particularizadas sobre a maneira de realização dos exercícios.A fisioterapia precoce tem como objetivos prevenir complicações, promover adequada recuperação funcional e, conseqüentemente, propiciar melhor qualidade de vida às mulheres submetidas à cirurgia para tratamento de câncer de mama. Entretanto, questiona-se qual a melhor maneira de realizar esses exercícios e qual a sua influência nas complicações pós-operatórias.Os programas de reabilitação no pós-cirúrgico das pacientes submetidas à mastectomia ou a tratamento conservador com dissecção axilar são parcialmente descritos na literatura do ponto de vista da especificação dos exercícios realizados. Existem programas estruturados em contrações isométricas da musculatura do ombro, braço e mão, nos quais a paciente é instruída a levantar, com as mãos unidas, em flexão, abdução e rotação do ombro até o limite de dor; em outros em que a paciente é estimulada a realizar exercícios ativo-livres em todos os movimentos fisiológicos do ombro. 
        Há, também, terapias em que são indicados os exercícios como subir com os dedos pela parede até o limite máximo de flexão e abdução, pentear os cabelos, fazer roda de ombro e rotação do braço, entre outros. Existem propostas baseadas em alongamento e fortalecimento, com exercícios rítmicos de cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e inferiores. Outros programas consistem de exercícios pendulares, exercícios de escalada do braço na parede e polias.
        É preciso ressaltar que, o ponto-chave para o sucesso do tratamento é o comprometimento da mulher com o programa fisioterapêutico. Em muitos casos, ela também precisa seguir algumas instruções e fazer atividades em casa, para que o tratamento seja completo e mais efetivo. Dessa forma, a recuperação acontece de maneira mais rápida e eficiente.

       Vale lembrar também que o tratamento é interdisciplinar, envolvendo nutrição, psicologia e o médico especialista que realizou a cirurgia. 




       Incentive às mulheres que você ama a praticar mensalmente o auto-exame das mamas e a consultar um médico ao menos uma vez no ano. Com consciência e prevenção, a batalha contra o câncer pode ser vencida. Acima de tudo, é preciso que se busque viver, viver bem !





Fontes:


http://www.prevencaodecancer.com.br/fisioterapia-oncologica.html
http://www.webartigos.com/articles/15520/1/Fisioterapia-no-Cancer-de-Mama/pagina1.html